segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O GOSTO DO INFINITO! Como assim?

De Baudelaire eu mal conheço dois ou três poemas do livro “As Flores do Mal”, mas adorei o ensaio “O Pintor da Vida Moderna”. Entusiasmado por ele, descobri o curso “Três Ensaístas Franceses: Baudelaire”, lá na Casa das Rosas, onde tomei conhecimento do ensaio “O Poema do Haxixe” cujo título do primeiro capítulo é exatamente “O Gosto do Infinito”.

No começo de 2009 fiz minha primeira tentativa frustrada de publicar um blog. Era pretensioso, ou imaturo, pois se dizia de Filosofia, mas não a Filosofia de reflexões abstratas e textos analíticos e impenetráveis, porém aquela aplicada ao cotidiano, à “arte de viver” e ao “cuidado de si mesmo”. Queria falar especialmente de Sócrates, Epicuro, Epiteto, Sêneca entre outros por quem eu estava, naquele momento, profundamente impressionado. A intenção era boa, eu tinha muito que falar sobre o assunto, mas talvez eu quisesse “tomar o paraíso de um só golpe”, na expressão utilizada exatamente por Baudelaire em “O Gosto do Infinito”, nome tão sugestivo e sintético que eu não resisti e assim batizei esse blog, que inicio agora.

GOSTO DO INFINITO? Sim, nós homens temos raros momentos de transcendência, quando podemos notar no “observatório dos pensamentos, belas estações, dias felizes, minutos deliciosos”. É um verdadeiro “estado excepcional do espírito e dos sentidos”. “Uma verdadeira graça, como um espelho mágico onde o homem é convidado a ver-se belo, isto é, tal qual deveria e poderia ser”. E como essas "amostras do paraíso" são tão raras quanto desejadas, e sendo o homem pouco hábil em reproduzi-las naturalmente, somos assim impulsionado pelo gosto do infinito a buscar meios artificiais de repetição. E sendo nós como somos, ligeiramente dominados pelas paixões, temos o vício a nossa espreita, como também a graça. Enfim, para o bem ou para o mal, temos em nós o gosto do infinito e por ele perseguimos a vida.

Quanto a mim, vivo procurando escapar dos vícios, pelo menos dos mais tenebrosos, e cedendo aos encantos de pequenas fraquezas inconfessáveis. Nos últimos tempos, o infinito em mim tem se manifestado no sentido da poesia, na palavra viva e redentora de amigos, sábios e professores, personagens da vida e da literatura, no entendimento e na resignificação que a história do pensamento e do conhecimento humanos têm sido capazes de imprimir nessa minha existência pueril.

E é por este caminho que pretendo seguir no blog: o da construção do INFINITO em mim e em VOCÊ.





Eu CELEBRO a mim mesmo,
E o que eu assumo você vai assumir,
Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você.


Primeira estrofe do poema “Canção de Mim Mesmo” de Walt Whitman (1855).

Um comentário:

  1. Bem-aventurados os que têm tempo para se dedicar à boa leitura! E ainda mais tempo para se expressar através de um blog!!

    Lic, estou encantada com a sua escrita, os temas, a percepção! Continue experimentando o gosto do infinito... e siga compartilhando com a gente!

    Beijo,

    Eli

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